Taxa Referencial: entenda o que é e como ela afeta seu dinheiro

A Taxa Referencial (TR) continua sendo um elemento presente na vida financeira dos brasileiros, mesmo após mais de três décadas de sua criação. Ainda que não esteja mais em destaque como antigamente, essa taxa tem papel fundamental em diversas aplicações, como a poupança, o FGTS e alguns contratos de financiamento.

O que é a TR?

Criada nos anos 1990, a TR surgiu como uma forma de conter a inflação e servir de referência para os juros praticados no país. Na época, o Brasil enfrentava um cenário de instabilidade econômica, e a TR foi uma das ferramentas adotadas antes da implementação do Plano Real.

Com o passar dos anos, o papel da TR mudou. Atualmente, ela serve como índice de correção monetária para certos investimentos e operações de crédito. Ou seja, sua principal função é atualizar valores ao longo do tempo, assim como acontece com índices de inflação, por exemplo.

Qual o impacto da TR nos investimentos?

A influência da TR nos investimentos diminuiu ao longo dos anos, mas ela ainda é relevante. A principal aplicação onde ela se faz presente é a caderneta de poupança. Além disso, continua sendo usada como referência em contratos antigos de financiamento imobiliário e em produtos como títulos de capitalização.

Mesmo que tenha perdido espaço para outros indicadores, a TR permanece sendo parte da fórmula de rendimento de diversos instrumentos financeiros usados por milhões de brasileiros.

Poupança: rentabilidade ligada à TR

A caderneta de poupança tem seu rendimento diretamente influenciado pela TR. Atualmente, a regra de cálculo depende da taxa Selic:

  • Se a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês + variação da TR.

  • Se a Selic está em 8,5% ou menos, o rendimento é de 70% da Selic + variação da TR.

Essa regra passou a valer para depósitos realizados a partir de agosto de 2012. Os depósitos anteriores seguem a norma antiga: 0,5% ao mês + TR.

Ou seja, independentemente da regra aplicável, a TR sempre influencia o rendimento da poupança. Como a taxa varia de mês para mês, o rendimento também oscila. Em períodos recentes, a rentabilidade já ficou próxima de 0,8% ao mês e, em outros momentos, abaixo de 0,2%.

FGTS: reserva com rentabilidade ligada à TR

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado nos anos 1960 e é um direito dos trabalhadores com carteira assinada. O empregador deposita mensalmente o equivalente a 8% do salário em uma conta vinculada ao empregado. Esses recursos podem ser sacados apenas em situações específicas, como demissão sem justa causa ou compra da casa própria.

Enquanto os valores permanecem na conta, são remunerados com juros fixos de 3% ao ano mais a variação da TR. Portanto, mudanças na TR também impactam diretamente a rentabilidade do FGTS.

Títulos de capitalização: dependência da TR

Os títulos de capitalização são frequentemente ofertados por bancos como uma forma de “poupança premiada”. Apesar disso, não são considerados investimentos, já que sua principal função é o sorteio de prêmios.

A correção monetária dos valores depositados é feita com base na TR. Diferente da poupança, esses títulos nem sempre oferecem juros adicionais. Assim, a rentabilidade acaba dependendo exclusivamente da TR, o que pode torná-los pouco vantajosos, especialmente quando essa taxa está baixa.

Financiamentos imobiliários: vínculo histórico com a TR

Por muitos anos, a TR foi o principal índice usado para corrigir o saldo devedor dos contratos de financiamento imobiliário. Embora hoje existam opções mais modernas e contratos indexados à inflação ou à Selic, muitos contratos antigos ainda mantêm a TR como referência.

Dessa forma, alterações na Taxa Referencial podem impactar o valor das prestações e o saldo devedor desses financiamentos.